quinta-feira, 4 de julho de 2013

Casa


Chegou a casa já era de manhã. Descalçou-se à entrada e correu para a casa de banho para lavar os dentes e disfarçar o hálito a álcool antes de se deitar junto dela.
Cuidadosamente pousou o calçado junto ao cabide. A casa estava calma e só se ouviam os pássaros que na rua anunciavam o novo dia.

A casa de banho era ao fundo corredor e foi de pé em pé atravessando o corredor. Era preciso fazer aquele corredor em bicos de pés porque a madeira já era velha e à mínima pisadela com mais força a casa sabia que estava alguém em pé.

A meio do corredor olhou para a sala e para espanto dele estava a família toda sentada nos sofás que unicamente mobilavam a casa.
Tinham todos uma cara muito séria e a forma como estavam vestidos denunciava que iam sair de casa para algo importante. Eram trajes de cerimonia, e das importantes.
Depois de apanhar um enorme susto parou para respirar fundo e perguntou:
-Já em pé? Para onde vão a estas horas? É sábado...

A avó levanta-se com um ar resignado e pergunta-lhe:

-O que é que ainda estás aqui a fazer...

-Então, eu cheguei agora a casa.

-Não, a tua casa agora é outra.


Cada um dos seus familiares levantou-se à vez e foi junto dele dar-lhe um beijo na face sem dizer uma única palavra.

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