Chegou a casa já era de manhã. Descalçou-se à entrada e
correu para a casa de banho para lavar os dentes e disfarçar o hálito a álcool
antes de se deitar junto dela.
Cuidadosamente pousou o calçado junto ao cabide. A casa
estava calma e só se ouviam os pássaros que na rua anunciavam o novo dia.
A casa de banho era ao fundo corredor e foi de pé em pé
atravessando o corredor. Era preciso fazer aquele corredor em bicos de pés
porque a madeira já era velha e à mínima pisadela com mais força a casa sabia
que estava alguém em pé.
A meio do corredor olhou para a sala e para espanto dele
estava a família toda sentada nos sofás que unicamente mobilavam a casa.
Tinham todos uma cara muito séria e a forma como estavam
vestidos denunciava que iam sair de casa para algo importante. Eram trajes de
cerimonia, e das importantes.
Depois de apanhar um enorme susto parou para respirar fundo
e perguntou:
-Já em pé? Para onde vão a estas horas? É sábado...
A avó levanta-se com um ar resignado e pergunta-lhe:
-O que é que ainda estás aqui a fazer...
-Então, eu cheguei agora a casa.
-Não, a tua casa agora é outra.
Cada um dos seus familiares levantou-se à vez e foi junto
dele dar-lhe um beijo na face sem dizer uma única palavra.
0 Comments:
Post a Comment